sexta-feira, 25 de junho de 2010

Um parto eterno

Um rapaz tímido é minha maior preocupação.
Quando era pequenino, eu imaginava sua vida de adulto e por alguns anos não pude tê-lo junto de mim, a distância geográfica era grande, mas eu estava sempre por perto em pensamentos e longas horas de conversa por telefone, quando gostosamente aquela voz bem miuda me chamava de Nininha.
Hoje só penso nele com proteção. É um amor tão grande que sinto, que até machuca.

Tem dias que a angústia é tão grande por vê-lo desperdiçar a vida sem forças, com uma resistência em enfrentar o mundo, que penso em soluções mágicas para empurrá-lo.

Tudo e todos afetam sua vida. Sofre calado sem dramas, sem alardes, esfregando na cara das pessoas sua timidez e dores.

Se eu tivesse o poder de me transportar para dentro dele e fazê-lo sentir o quanto o amo e que todos que convivem com ele sentem este amor e sabem da grande beleza e inteligência dele, creio que seus conflitos se resolveriam.

Por vezes, quero que ele reaja e imagino que se eu o provocasse em sua auto-estima, ele sairia deste mundo cheio de monstros que criou e viveria, simplesmente viveria. Mas, com a auto-estima tão destruída, seria fechar a porta de vez.

Assim, vou amando um filho que não pari, sentindo as dores deste parto por toda a minha vida.

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