quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Cinco de Agosto

Agosto é mês de desgosto! Será mesmo?

Para mim Agosto é muito importante. Sou fruto de um 5 de Agosto, sou fruto irmã de um 23 de Agosto, e tenho grandes amigos nascidos neste mês.

Meu pai era um leonino ateu, complicado e levemente egoísta, mas foi o homem que marcou muito minha vida, tanto em suas ações, como em suas omissões. Se meu pai não fosse exatamente aquilo que ele viveu, tenho certeza de que eu não seria EU. Pode ser até que fosse uma pessoa melhor, mas não seria EU.

Ele foi um bom pai, dentro de suas possibilidades interiores, e não falo de sua condição financeira, pois isto é complemento na vida.
Sinto vivências que não foram apagadas, mesmo quando os momentos de turbulências familiares eram superiores a calmaria doméstica. Carrego perfeitamente em mim, o primeiro acampamento que fiz, quando tinha cerca de três anos. De vez em quando, abro a caixa de fotos e me vejo acampada com meus irmãos, onde mais parecíamos uns "sem-terra". Com ele aprendi a gostar de praia, mato e aventura.

Herdei também de meu pai o gosto por esportes, e até hoje admiro a coragem dele de levar um monte de crianças para praia e ensinar a todos como se nada em mar mais bravo que nós. E quando estávamos maiores, enfiou filhos e filhas para aprenderem judô. Uns chegaram à faixa preta e outros se descambaram para outros esportes, sempre incentivado pelo homem fortão que mais parecia um "bombado".

O gostinho de ler jornais, recortar as tirinhas do JB onde meu avô foi cartunista, ter que ficar bem quietinho escutando meu avô tocar violino, quando tínhamos vontade de rir por acharmos aquilo muito chato, aprender a ler música, dedilhar um piano, agradeço tudo a meu pai.

Os defeitos também eram muitos, mas sem eles também não conseguiria ter aprendido tanto.

O homem mulherengo, o genioso filho e impaciente irmão que ele foi, me construíram também, pois não gostava de vê-lo nestes momentos e percebia nele um pouco de solidão que me levava a proteger seus "erros", para que ninguém mais percebesse que ele era simplesmente um homem.

Com o passar dos anos, aquilo que eu identificava como solidão, acabou vencendo e ele foi viver outras aventuras, mas até mesmo a revolta que senti, foi importante em minha vida.

Ele viveu, teve suas alegrias, sofreu sua escolha e eu continuei somente a aprender com ele o que vale a pena viver e o que podemos dispensar como caminhada.

Meu 5 de Agosto é sempre muito forte.

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