terça-feira, 31 de agosto de 2010

Por quem os sinos dobram...


A morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”.
Meditações de John Donne, poeta inglês do século XVI - Meditações XVII
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Sempre amei esta reflexão, e no romance de Ernest Hemingway e no filme, me faz sentir mais intensamente, pois liga os sentidos da imaginação, da visão e da audição.
Assim se faz plena.


Toda vez que o mais simples homem deixa esta vida, tenho a triste intuição de que a humanidade perdeu um elo de sua história. Que deixamos de registrar um pouco de cada um de nós.

E então, me vem à nostalgia de relembrar minha mãe, que por sua vez nos contava de sua mãe, que vivia em palavras a trajetória dos seus mais distantes antepassados.

E aí, percebia que as lembranças delas, unidas as lembranças de imigração de meus avós paternos, eram pura história, que se confirmavam em livros que estudei, pois conseguia situar tudo que me foi transmitido, no contexto do que me diziam as vozes dos professores ou dos romances que lia.

Pensei também no desperdício que se faz, quando deixamos de registrar em nossa memória genética, as vivências de outros, sejam eles heróis, anônimos ou nossos adversários.

Delirando, pensei que se absorvêssemos tudo isto em nossa memória, a humanidade não teria vivido as dores das guerras, não teriam reverenciado Hitler, Mussolini, Getúlio e etc..

Cristo sendo o marco zero estaria presente na evolução plena do ser humano, no socialismo e no olhar que lançamos sobre nós.

Os negros que me habitam, os índios que me compõem estariam em igualdade com os brancos que subjugaram a minha própria composição humana.

Olhando, ouvindo e sentindo, não exaltaríamos as ditaduras e nem nos enganaríamos com gestos e palavras impactantes daqueles que esqueceram que são como nós mesmos.

Fico como água-viva fora do mar, sempre que percebo que o trem da vida está passando e, deixamos de subir nele, porque esquecemos quem somos, de onde viemos e para onde estamos indo.

Eu quero mais que viver, afinal, somos história viva sendo escrita em cada gesto, em cada palavra dita, ou a cada respirar.

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