segunda-feira, 4 de abril de 2011

Max Yantok


Max Yantok, foi um dos grandes quadrinistas da primeira metade do século XX no Brasil. Homem de múltiplos talentos, além de quadrinista e caricaturista, foi também tradutor, intérprete, contador, engenheiro, jornalista, poeta, mágico. Participando de uma companhia lírica, viajou o mundo. Talvez com o conhecimento que adquiriu nessa viagem se inspirou para criar sua personagem mais célebre, Kaximbown, figura esta que Rui Barbosa - amigo do desenhista - era fã confesso. Algumas fontes atribuem a Yantok a criação do termo "urucubaca", para se referir ao azarado presidente Hermes da Fonseca.

Segundo Rosalina Zorzi, em correspondência ao Guia dos Quadrinhos, e confirmado pelo próprio bisneto do artista, Frederico, Yantok nasceu em Soledade - RS, numa tribo da etnia Tupi, em 29 de janeiro de 1879. Filho do italiano Giovanni com a filha do pajé, Maurícia, nome dado por Giovanni pela dificuldade de pronúncia do nome indígena. Maurícia morreu no nascimento do terceiro filho do casal, que faleceu junto da mãe, em 1887.

Conta-nos Frederico que, "logo cedo, o Yantok foi estudar na Itália, e por conta do facismo regressou ao Brasil, casado com a Senhora Amélia Maulaz, nascida na Suíça". No Brasil, fixou-se no Rio de Janeiro.

A origem do nome "Max Yantok" é explicada pelo bisneto do artista: "Yantok é um bastão filipino usado para açoitar as pessoas. Max era um nome que ele gostava muito, tanto é que colocou o nome de seu filho de João Max". Além de Max Yantok, teve outros pseudônimos, como Ketno e Mefisto.

O artista participou ativamente da sociedade carioca da primeira metade do século XX, tendo conhecido grandes figuras da época, tais quais Enrico Caruso, Julio Verne, Lima Barreto, Monteiro Lobato. Chegou a ser o intérprete de Caruso quando este esteve no Brasil. Como desenhista e jornalista, trabalhou em várias publicações da época, como "Revista da Semana", "O Malho", "Dom Quixote", jornais "Gazeta de Notícia", "Correio da Manhã" e "Diário Carioca". Diz Ezequiel de Azevedo que o artista era fluente em onze idiomas, sendo o tradutor durante os anos 1930 do material da King Features Sindycate. Realizou treze exposições, e publicou cerca de 45 livros infantis.

Seu melhor trabalho, no entanto, é como desenhista. Começou sua carreira em jornais italianos e, em 1908, foi contratado pela editora O Malho. Nas HQs, tinha um traço bastante voltado ao humor, com personagens de cabeças grandes e olhos amalucados. Vê-se certa influência dos quadrinhos da época, como Winsor McCay e seu "Little Nemo". De acordo com Lucchetti (2005), "construiu sua obra mais duradoura, compondo tipos pitorescos, vagabundos, andarilhos, sem família, sem lar, desprovidos de qualquer bem material e, muitas vezes, famintos. Através deles, Yantok fez uma crítica a nossa sociedade cruel, onde alguns tudo possuem e outros não têm nem mesmo o mínimo para matar a fome". Seu trabalho tinha estilo único e inconfudível. Além do carismático Kaximbown e seu assistente Pipoca, criados em 1911 para a revista "O Tico Tico", criou também as personagens "Pistolão", "Sábado" e "Barão de Rapapé". Em 1939 criou "Pandareco, Parachoque e Viralata". Também estão entre suas criações "João Cascudo" e "Gordo Chico Bombo".

No ano de 1956, já idoso, tinha problemas em publicar suas ilustrações, consideradas "ultrapassadas" pelos editores, como nos conta Marcos A. Lucchetti. Neste ínterim, foi contratado pela editora Ebal, realizando diversas histórias de uma página, mas principalmente trabalhando para a revista "Capitão Z - Segunda Série", onde desenhou histórias longas como "Os truques de D. Parachoque".

Aposentou-se em 1962, já com mais de 80 anos. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1964.

Por Erico Molero.
OBS: Até 1964 publicava suas tirinhas com personagens já enlouquecidos, no Jornal do Brasil.

Bom, esta é a história que ele ajudou a criar com suas fantasias.... mas acrescento que o homem se fez tão endeusado, fantasiou tanto sua vida que seus dois únicos filhos, João Max e Olinda,o tinham como o supra sumo de inteligência e talento artístico. Viveram suas vidas querendo sempre provar que eram também capazes ou imploravam a aprovação deste homem.

Talento inegável, também era violinista e excelente contador de histórias para seus primeiros netos, pois os mais novos não o conheceram fisicamente, porém sempre sabiam de toda suas conquistas que não foram tão glamurosas assim...

Sua esposa sofreu muito com o marido boêmio e seus filhos nunca olharam para aquela mulher com respeito. Sempre a acharam "inferior" ao marido. Coitada! Pobre mulher que viveu cerca de cinquenta anos no Brasil, isolada de sua família, correndo atrás do "artista" nos bares da Lapa.

Sua filha Olinda, foi uma mulher muito inteligente e também nunca encontrou na vida sossego, pois aos 24 anos formando-se em engenharia, teve seu primeiro surto esquizofrênico e nunca exerceu sua profissão, nunca se relacionou com ninguém. Tinha verdadeira obsessão pelo pai e pelo irmão, que recebeu este encargo até seus últimos dias de vida.

Seu filho, João Max, foi um mulherengo menos talentoso e também sempre precisou mostrar que herdara o talento de seu pai para seus filhos. Nunca conseguiu!


Bom, esta é uma parte da vida de um grande artista....

2 comentários:

  1. Olá, sou Erico Molero, quem fez a pesquisa sobre Yantok para o Guia dos Quadrinhos. Fico contente que mais pessoas se interessam pela pitoresca vida desse grande artista. Conheci o trabalho de Max Yantok, folheando antigas edições d' "O Tico-tico", e me chamou a atenção seu traço e a originalidade de suas histórias, que destoavam dos outros quadrinhos da publicação.

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  2. Erico,

    Max Yantok foi mesmo um grande artista. E de fato Yantok viveu de forma pitoresca, e todos os fatos fantasiosos acabaram por se tornar vivências realmente.

    E o mais legal disto tudo, são pessoas mais novas que acabam por "descobrir" este artista à partir de um interesse muito pessoal e não por preservação da obra por nossa cultura.

    Eu te descobri na internet e junto revi fatos que estavam tão distantes...

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